quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Livro: Teoria Crítica em Tempo de Crise

Organizado pelas teóricas críticas Penelope Deutscher e Cristina Lafont, ambas professoras da Northwestern University, a coletânea Critical Theory in Critical Times tem por objetivo reunir os trabalhos mais recentes da teoria crítica da sociedade. Os artigos reunidos no livro possuem duas características, ou duas tendências gerais, que têm marcado os trabalhos da teoria crítica na última década, a saber, uma volta à crítica do capitalismo, como nos trabalhos percursores de Fraser e Brown, e mais recentemente Jaeggi, e a incorporação de perspectivas pós-coloniais, como nos trabalhos de Allen e Mills (ver os artigos abaixo). 

A contribuição de Fraser para a coletânea, Behind Marx's Hidden Abode é ilustrativo desse duplo movimento. Nele, Fraser procura oferecer uma "teoria da crise" do capitalismo renovada pelos perspectivas ecológicas, pós-coloniais e feministas. Partindo do argumento marxiano clássico, segundo o qual o sistema econômico tem como ponto central (ou "morada escondida") a esfera da produção e a atividade do trabalho, Fraser argumenta que, para interpretarmos adequadamente o funcionamento do capitalismo contemporâneo, precisamos olhar para três outras dessas "moradas escondida" que, em certo sentido, tornam possível a própria produção econômica capitalista: a reprodução social nas famílias, o Estado moderno e as instituições representativas nacionais, e os recursos econômicos. 

Tomando como marco teórico os trabalhos históricos de Karl Polanyi e Immamnuel Wallerstein, Fraser procura mostrar como a esfera produtiva moderna e, consequentemente, uma sociedade de mercado de modo geral, dependem  histórica e logicamente de esferas sociais não-mercantilizáveis. Família, política e ecologia, para Fraser, funcionam no capitalismo moderno como condições institucionais para a organização da sociedade com base em mercados, são elas quem permitem que recursos vitais para a produção (como as tarefas de cuidado, as instituições e a matéria prima) possuam ser utilizadas de modo eficiente pelos setores produtivos. 

O ponto é que quando os mercados colonizam essas esferas, por exemplo, pela precarização do trabalho e pela dupla jornada das mulheres, ou pela crescente expropriação de recursos materiais globais, devemos esperar por crises estruturais de grande impacto. Ao mesmo tempo em que expande sua esfera de atuação, o mercado coloca em ameaça os pressupostos básicos de sua reprodução. Com isso Fraser é capaz de apontar para três "vetores de crises" no capitalismo contemporâneo: uma crise da reprodução social ou do cuidado, uma crise de representação política e dos limites do Estado e, finalmente, uma crise ecológica. Cada uma dessas crises representaria, para a autora, uma potencialidade emancipatória para aquelas e aqueles que lutam contra os imperativos deshumanizadores do capitalismo. 






Part I. The Future of Democracy
Part II. Human Rights and Sovereignty
4. A Critical Theory of Human Rights—Some Groundwork, by Rainer Forst
Part III. Political Rights in Neoliberal Times
5. Neoliberalism and the Economization of Rights, by Wendy Brown
6. Law and Domination, by Christoph Menke
Part IV. Criticizing Capitalism
Part V. The End of Progress in Postcolonial Times
10. "Post-Foucault": The Critical Time of the Present, by Penelope Deutscher
11. Criticizing Critical Theory, by Charles W. Mills